25 julho 2010

Compartilhando Amarguras

"Quanto vale a vida perdida e sem razão/Num beco sem saída, quanto vale a vida?"
Uma vez disseram-me que o pior de todos os cansaços, era o severo cansaço existencial. Hoje compreendo melhor essas palavras. Qualquer tese deixa de ser abstrata e é melhor apreendida quando se vivencia a mesma, quando o que antes parecia longínquo, passa a fazer parte do nosso cotidiano, como o tal cansaço existencial passou a fazer parte do meu.
Quando crianças, nossas frustrações se limitam a um brinquedo que nos é negado, ou a um castigo que nos é imposto. Crescemos e nos deparamos com desapontamentos cada vez mais agudos, e infinitamente piores que nossas frustrações pueris.
Sucessivos tropeços nos deixam perenes cicatrizes. Decepções mortificam nosso âmago. E, como se não bastasse, o mundo nos penaliza dia após dia com uma desigualdade sem fim... Vivendo em tais condições, molestados pelas circunstâncias, não é espantoso que cansemos de existir.
Nas noites frias e solitárias, chego a conversar com o vento. Peço que me leve consigo para onde eu possa sentir um prazer existencial que me faça esquecer o cansaço de outrora, e me possibilite desfrutar da felicidade pura que buscamos incessantemente nesse mundo atroz.
Quero um dia poder olhar para trás e rir de tudo o que me faz padecer: desse universo corrompido, dessa humanidade mesquinha, dessa vida sem sentido.

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