31 dezembro 2009

Balanço de Fim de Ano

Mais um ano se vai, em meio a tantos que se foram. Posso dizer, indubitavelmente, que 2.009 foi pra mim, acima de tudo, um ano de descobertas. Descobri mais de mim, dos outros e do mundo. Pude conhecer minhas virtudes, meus vícios e, essencialmente, meus limites...
Não vou ser hipócrita e dizer que todas as vezes dei o melhor de mim, porque deixei a desejar em alguns momentos, desisti quando ainda tinha forças pra lutar, talvez por medo de sofrer mais do que já havia sofrido. Sinta-se livre pra me chamar de covarde. Prefiro achar que fui humana.
Deixei, como nunca, a emoção falar mais alto e houve vezes em que "quebrei a cara" por isso. Era como se estivesse presa em um labirinto, aparentemente, sem saída. Foi nessas horas que chorei lágrimas de revolta por ter dado voz ao meu insano coração e tive vontade de sumir.
Foi Deus quem acalmou meu espírito após ouvir meus infindáveis desabafos. Posso dizer que Ele foi meu melhor amigo e não me deixou, em momento algum, esquecer de "nascer com as manhãs".
Cometi inúmeras loucuras e apesar de ter me recriminado por isso, delas não me arrependo. Porque colaboraram, exacerbadamente, pro meu amadurecimento, talvez seja por isso que ele se deu de modo oblíquo.
Chorei, sorri, cantei, dancei, amei... Disse o que a voz quis dizer, deixei-me guiar por meus perniciosos desejos e, acima de tudo, vivi! Não sei se fiz as melhores escolhas ou "carpeei" do modo mais prazeroso. Só sei que foi um ano de intenso aprendizado. Descobri que não é tão fácil seguir nossas convicções e fazer o que manda a moral social, especialmente quando nossos anseios caminham contra a mesma.
Percebi que é impossível conciliar razão e emoção, mas ainda sonho com o dia em que ambas tornar-se-ão coesas. Cometi diversos equívocos, aprendi a pedir a perdão. Descobri que erros não devem ser fonte de culpa, mas sim de aprendizado.
Apesar das vicissitudes, esse foi um ano marcante e inesquecível. Espero que 2.010 me possibilite crescer ainda mais e me tornar um ser humano melhor a cada dia. Desejo a todos um ano novo repleto de muita luz, saúde, paz e esperança, para que não desanimem diante dos obstáculos, olhem pra frente e digam:
"Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Créditos ao imemorável Fernando Pessoa.

30 dezembro 2009

Era Uma Vez Um Robô...

"Nada é orgânico, é tudo programado, e eu achando que tinha me libertado..."
Observava da janela os pingos d'água banhando o chão. Chuva! Era este o nome dado pelos homens às lágrimas de Deus que caíam, sorrateiramente, do céu. Chamavam de trovão seus gritos e de tempestade sua fúria.
Os homens se acham sábios demais, dão nome a tudo, mostram-se capazes de realizar esplêndidas descobertas e, paradoxalmente, desconhecem o sentido da vida. Viviam dizendo-lhe que era apenas um robô, não constituía-se de carne e osso, mas sim de metal, tinha parafusos e fluidos em lugar de articulação, nunca seria como eles, os homens.
Mas ele sentia a chuva caindo, se emocionava com frequência e descobriu-se, num belo dia, apaixonado por uma dama que jamais iria correspondê-lo à altura, porque era humana e, para os homens, ele não passava de um robô, uma máquina que ao invés de sentimentos tinha um controle remoto e um manual de instruções.
Subvertendo o ponto de vista humano, ele sabia o que era o amor, não só sabia como sentia. Sonhava um dia tornar-se homem e poder, enfim, declarar-se à dama que conquistara seu coração metálico. Os homens se dizem ocupados demais pra sonhar, ele não. Colocava os sonhos acima de qualquer outra coisa.
Um dia acordou e, olhando-se no espelho, surpreendeu-se ao ver que já não era mais robô, havia transformado-se em um homem de verdade, com todos os seus defeitos e virtudes. Vestia-se como os homens vestem-se, andava como os homens andam, amava como os homens amam. Ao conhecer seu "novo" coração, derramou incessantes lágrimas e disse :
"Meu coração de robô, ainda que de metal, não era tão frio nem tão rígido quanto o coração dos homens... Maldita hora em que desejei ser um deles."

02 novembro 2009

Visita Divina

"Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha estrutura, sara todas as feridas ..."
Chegou como quem não quer nada, entrou pela porta dos fundos, fitou-me enquanto terminava de tomar meu leite morno com cereal. Em seguida, puxou um tamborete e nele sentou-se, me observando ainda.
Instantes depois, pediu-me um copo d'agua e eu, gentilmente, o trouxe. Mamãe sempre dizia para não dar atenção a estranhos, mas com ele era diferente. Não o julgava estranho, tampouco perigoso.
Tinha o cabelo branco "como a bruma" e uma barba enorme que ornamentava meus sonhos natalinos. Falava calmamente, sem pressa alguma de completar cada frase que emitia. Sorria de um jeito simples e ao mesmo tempo rebuscado.
Sua simplicidade complexa me encantara. Tinha o rosto enrugado e as mãos trêmulas, mas seus olhos azuis e intrépidos me faziam ver, por trás daquele frágil velhinho, uma vigorosa criança.
Pedi para que colocasse seu modesto chapéu em minha cabeça, ele o fez e demos boas gargalhadas. Contou-me piadas, falou do céu, da lua, de tudo e mais um pouco, menos de si. Perguntou-me se era feliz, eu fiz que sim com a cabeça, ele sorriu e, vagarosamente, se pôs de pé. Vi que ia embora e entristeci-me. Foi nesse instante que ele olhou fundo nos meus olhos e disse:
"Eu sempre estarei contigo, minha filha. Cada vez que te sentires imersa na solidão e desejares minha companhia, ouve o que diz teu sábio coração, ele fala por mim."
Abraçou-me e se foi. Para onde, não tenho idéia. Mas quando a saudade me faz padecer, eu sei bem como encontrá-lo...

08 setembro 2009

Um Brinde ao Hoje!

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há..."
Por que será que sentimos saudade? Por que desejamos com avidez rever pessoas, reviver momentos? Por que insistimos em achar que fomos mais felizes no passado? Guardamos, cautelosamente, fotos antigas, bilhetes obsoletos, relemos e-mails, ouvimos inúmeras vezes a mesma música só porque esta lembra alguém especial ou uma situação que nos marcou de alguma forma.
Somos nostálgicos demais e ativos de menos. Enquanto reverenciamos o ontem, acabamos perdendo a valiosa oportunidade de "carpear", aproveitando cada instante da melhor maneira possível.
Deixamos um novo amor passar despercebido simplesmente porque ainda não nos desvinculamos das lembranças de uma ex paixão. Somos incapazes de perdoar, porque insistimos em recordar o que nos fizeram de mal.
Reminiscências fazem parte de nossas vidas e nelas tem um peso relativamente grande. É importante e saudável relembrar, mas é indispensável e grandioso viver. Somos livres para recordar um passado bem vivido, desde que não nos esqueçamos de "nascer com as manhãs" e amar, sorrir, correr, gritar, pular, para que no futuro não padeçamos com a triste e autêntica observação:
"Podia ter feito... Mas não fiz!"
Parece estranho e paradoxo, caro leitor, mas o pior arrependimento é, de fato, daquilo que deixamos de fazer, por permitirmos que as lembranças reinem em nossas vidas ou por nos molestarmos, previamente, com as funestas possibilidades de um futuro incerto.

03 agosto 2009

Mensagem do Além...

"HÁ MAIS COISAS ENTRE O CÉU E A TERRA DO QUE SONHA NOSSA VÃ FILOSOFIA."
Estava desnorteado. Era a ovelha negra da família, sua vida amorosa sempre foi uma piada (envolveu-se com a mulher do delegado e o trágico fim do romance proibido lhe custou dois tiros na perna; pouco tempo depois flagrou sua namorada aos beijos com uma "baleia" de bigode) e, como se não bastasse, acabara de ser demitido, acusado de roubo, algo que jamais faria, por temer, demasiadamente, a Deus e à sua própria consciência, que nunca perdoava seus equívocos.
Queria afogar as mágoas em consecutivos copos de cerveja, mas logo lembrou-se da promessa feita no Natal, que o cerceava de colocar uma gota sequer de álcool na boca. Avistou o cemitério em que seu pai fora enterrado e, subitamente, um desejo insano de ir ao encontro daquele amontoado de túmulos apoderou-se de sua extenuada alma. Sempre foi fiel aos seus desejos e promessas, e essa fidelidade o guiou até a residência das sombras.
Sentou em um túmulo qualquer e lá estava a observar o céu e refletir sobre sua problemática existência, quando uma doce voz lhe chamou a atenção:
"Que fazes aqui a esta hora, moço ?"
Voltou-se para a dona da voz mais meiga que já ouvira e ralhou:
"Olhe aqui, eu não tenho medo de assombração, mas seja lá o que for, fique longe de mim! Hoje eu não tô pra ninguém."
A moça usava um vestido azul, florido como o mais belo dos jardins, tinha o rosto angelical e os olhos "vivos".
"Desculpe, eu não queria te deixar zangado."
Fitou o chão e se pôs a andar, sem saber ao certo onde queria ir.
"Espere! Não tem que se desculpar. Eu é que lhe devo perdão pela grosseria; é que eu não tô nada bem. Minha vida piora a cada dia e eu me sinto incapaz de reverter isto."
"Incapaz? Não fales tamanha bobagem! Os limites só existem em tua ludibriada mente. Viver transcede obstáculos e frustrações; é mais que prender-se a enganos e ser escravo da convenção. Viver é ter o universo nas mãos, sentir o sol, sorrir para a lua, abraçar o vento e cheirar as flores. Viver é entender a acústica dos sentidos e uni-los na mais sublime harmonia... Viver é sonhar com dias melhores, cantarolar com os pássaros, sentir a chuva caindo, amar e ser amado..."
"Nossa, me admira o modo como fala da vida. Presumo que viva maravilhosamente bem!"
"Vivi, meu caro. Não por muito tempo, deveras. Mas o bastante para compreender o valor da vida e do 'estar vivo'. Espero que descubras quão esplêndido é viver antes que a morte lhe bata à porta. Carpe Diem, rapaz! Carpe Diem..."
E assim ela se foi, do mesmo modo misterioso como surgiu. Quanto a ele? Embora um tanto confuso e assustado, entendeu o que ela quis dizer.

27 junho 2009

A Imortalidade do Amor

Nunca, em minha ínfima existência, cheguei a refletir sobre a morte. Nem mesmo quando me fez derramar incessantes lágrimas ao levar alguém que amava. O tempo todo achei que devia apenas me preocupar com o presente, nada de me atordoar com o que podia ou não acontecer no futuro. Talvez por isso julgavam-me leviana demais. Acho que de fato o era, por influência dos poetas árcades que sussurravam "Carpe Diem" em meu ouvido nos dias de monotonia ou por intrínseca devoção ao hoje e seus mistérios.
Não preciso de argumentos, não aqui onde estou. É frio, e escuro como uma noite sem luar. Nada vejo além de sombras. As sombras do meu passado se fazem mais presentes que nunca. Sinto falta da luz do sol, dos dias de chuva, do cantar dos pássaros... Até mesmo a pouco saudável vida urbana me deixou saudades.
Aqui o sol sempre se esconde, a chuva nunca cai e os pássaros além de tristes são mudos. Presumo que tenham morrido, como quem vos escreve. Ah, se pudesse abraçar meus pais pela última vez, dizer o quanto os amo e desculpar-me por, na maioria das vezes, ter sido incapaz de expressar com exatidão o que eles significam pra mim.
Mas não posso. Aqui não tenho domínio sobre nada. Imagens fúnebres embaralham meus alienados pensamentos, criaturas funestas roubam minhas lembranças. Todas, exceto uma: a lembrança do seu olhar, que, ao contrário do meu, está mais vivo que nunca, e me policia a todo instante, fazendo-me crer que sempre há vida onde prevalece o amor...

11 junho 2009

Simplicidade Complexa

Ele queria se aventurar, sabia que era arriscado, mas era de risco que sua insonsa alma carecia. Nada de se atirar no precipício ou pular num rio com dez metros de profundidade sem saber nadar. Queria, de fato, algo que instigasse seu espírito aventureiro e "estudar a geologia dos campos-santos", definitivamente, não era uma boa.
Como devia ser perfeito o dia-a-dia de um herói _pensava. Ter uma super-vida, super cheia de adrenalina, ser super bonito, super famoso, super idolatrado, nada de sub-vida, sub-aventura, sub-fama, sub-beleza...
Até a rotina de uma briófita devia ser mais excitante que a sua. Ela faz fotossíntese, ele nem clorofila tem. Só melanina e consciência. Aquela que julga, e oprime, e critica, como o mais impiedoso dos juízes.
Ainda não dominava a razão de sua torpe existência. Mais um, em meio a tantos seres esdrúxulos e previsíveis, oscilando entre animal racional e homem insano, dotado de uma sensibilidade dogmática e de uma aspereza rudimentar que modelava seus traços secos e mal feitos.
Olhar intrépido e ponderado, passo curto e longo, jeito calmo e hostil, temperamento silencioso e frenético, ele era um verdadeiro paradoxo ambulante, o mais estranho e enigmático dos paradoxos. Aquele que é o que ora fora e, simultaneamente, parte do que virá a ser.
Detestava andar em meio à multidão. Não suportava aquele odor resultante de uma vil mistura de perfumes diversos, tampouco os bêbados que nele esbarravam. A fumaça produzida pelos cigarros dos fumantes adentrava suas narinas e penetrava em seu pulmão, fazendo-o arrepiar-se e tossir. Tossia incessantemente, como um tuberculoso, talvez o era e não sabia.Vozes diferentes em tons diversos dominavam sua mente, o que não era difícil, de modo que suas idéias sempre foram volúveis e persuasivas. No trio elétrico tocava “all my loving” e as temíveis vozes cediam lugar às suas reminiscências. Beatles, Bela... Queria voltar no tempo. Ah, se pudesse beijar de novo aqueles lábios adocicados, acariciar aquela pele macia que ornamentava seus sonhos e delírios juvenis. O presente é bizarro, funesto. O que lhe regozijava eram as lembranças de um passado relativamente bem vivido. Mas padecia em seguida, ao pensar que eram só lembranças. É o hoje que vive, é o hoje que domina, é o hoje que maltrata. Embora entorpecido e saudosista, ergueu a cabeça, lembrando que esse mesmo hoje, diferentemente do ontem, pode ser escrito da maneira que desejar, obedecendo ou não a regras e convenções “gramaticais”. O presente é a valiosa oportunidade que nos é concedida de recomeçar, com novos sonhos, novas idéias, nova vida...

15 maio 2009

Sobre a corda bamba da vida...

Atravessou a rua. Distraída e despreocupada continuou andando. Sem direção, sem sonho, sem razão. Tinha os olhos vermelhos de quem chorou além da conta. O passo curto e calmo explicitava a pressa quase inexistente de chegar não sei onde.
Um par de fones de ouvido fluorescentes e um 'all star' com cadarço de fita complementavam seu jeito exótico de ser. A voz dócil e, paradoxalmente, hostil de Renato Russo compunha o fundo musical que instigava suas rebeldes reflexões. Não compreendia o mundo, as pessoas, o sistema, tampouco compreendia si própria. Um trecho machadiano oscilava entre suas desordenadas idéias... "Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo."
Ignorava assobios. Sorria para os conhecidos, observava de maneira vaga as vitrines das lojas, o movimento frenético de pessoas e automóveis que formavam o cenário urbano. Calorimetria, radioatividade, globalização, matrizes, números binomiais, seno, cosseno, tangente, Revolução Francesa... Dominava humanas, sabia algo de exatas. Pouco sabia de si.
Queria mudar o mundo. Odiava Hitler e seus funestos ideais. Simpatizava-se com o Comunismo. Admirava Gandhi e Che Guevara. Não se identificava com sua imagem refletida no espelho, não se via por trás daqueles olhos enluarados e oblíquos, perdia-se no intrínseco de si mesma.
Almejava voar; não como um avião, estimulado pelo motor, mas como um pássaro, instigado, exclusivamente, por sua própria natureza, que o faz livre.
Depois de inúmeros passos e algumas reflexões, voltou para casa. Debruçou-se em sua cama e, com os olhos colados no teto, se pôs a pensar na coesão de números e letras, idéias e sentimentos, ciência e fé. Decerto queria um mundo mais coeso...

11 maio 2009

Uma Louca Apaixonada ou Uma Apaixonada Louca ?

Às vezes faz bem sair de casa sem rumo, tendo o coração como guia e a mente como guarda-costas. Quando o primeiro dá instruções mais insanas que o normal, esta nos cerceia, moderadamente, de acatar às mesmas.
Faço isso com frequência e, com a mesma frequência, corro o risco de morrer atropelada, de modo que tanto meu desvairado coração quanto minha ludibriada mente têm um péssimo senso de direção.
Mas, ainda assim, eu gosto que eles me orientem. Fico sempre tão desnorteada diante da complexidade mundana, que evoco aos dois, mendigando um caminho ou uma mera palavra amiga, nos momentos em que a solidão de mim se apodera.
É tudo tão confuso, tão anormal... Chego ao ponto de me perder na metade perdida de mim, sentir saudade de um futuro sonhado nos meus recônditos sonhos pueris. Arrepender-me de tudo que me tolhei de fazer por medo de errar. Chorar lágrimas idênticas às do choro de ontem. Talvez sejam as mesmas que ressuscitaram...
Diante dessa minha, aparentemente, infindável crise existencial, busco auxílio nas artes, quando não nos amigos dignos de confiança, que amenizam os efeitos mais explícitos do meu colapso mental. Mas e quanto aos outros? Àqueles que adentram minh'alma e marcam meu âmago com perenes cicatrizes?
Julgo inexistir remédio para tais funestos delírios. Até que vejo você. Desse instante em diante rejeito qualquer medicamento que não seja o brilho intenso dos seus olhos, capaz de regozijar minha triste mente, envolta por enigmas que só você pode me ajudar a decifrar...

09 maio 2009

Mistérios da Amizade

Sentados à beira de um rio, cujo nome me falha à memória, Eduardo e Mônica dialogavam por intermédio de uma insaciável troca de olhares. Ele era o típico ‘play boy’, tinha olhos vivos, intrépidos, que cintilavam o olhar morto e sereno daquela jovem, de natureza crua e ao mesmo tempo rebuscada, que viera morar na cidade há alguns meses. A poluição urbana, dos mais irreverentes cunhos, havia deturpado aquela inocência bucólica que fazia dela a mais ingênua das criaturas.
Dú, o que é amizade?”
“Ahh Mônica, é um tipo de relacionamento, que ocorre entre pessoas que têm afinidades.”
E o que é afinidade?”
“É gostar das mesmas coisas, ter pontos de vista em comum...”
Uai, então por que é que você diz que a gente é amigo, sendo que eu sou diferente a beça de você?”
Porque apesar de vivermos em mundos antagônicos, a gente tem uma certa cumplicidade!”
Ihh, lá vem você com essas palavras capetosas!” (risos)
Eu digo cumplicidade porque você me entende, me aceita do meu jeito e vice-versa. A gente se respeita, é sincero um com o outro... Isso é ser amigo!
Huuum, entendi! Mas Dú, tem uma coisa que eu tô matutanu faiz tempo... Amigo também se beija?
Às vezes, quando a amizade é colorida...”
E eu que pensava que a tal da amizade não tinha cor ...!” – concluiu Mônica em meio a estridentes gargalhadas.

29 abril 2009

Qual a cor do Brasil ?

As reluzentes cores da nossa esplêndida bandeira camuflam mazelas de múltiplos cunhos. A violência, que assola nossas vidas, pinta de vermelho o verde das nossas matas, assim como a consequente ausência de paz colore de preto o nosso azulado céu.
Há aqueles alienados ufanistas que, de modo inexorável, se recusam a enxergar tal "jogo de cores". Há ainda os pessimistas que se limitam a ver o preto do céu, esquecendo-se do azul que hora o cintilou.
Será que um país "abençoado por Deus e bonito por natureza" deixaria, friamente, seus filhos passando fome? Será que esse magnífico país permitiria, outrossim, que suas crianças não tivessem uma educação de qualidade?
Como uma nação tão bela, de maneira paradoxa, é conivente à corrupção, sendo a mesma o ápice da feiúra moral? A frase positivista que "embeleza" nossa bandeira é incapaz de deter a multidão hostil envolvida em brigas de torcidas, tampouco os presidiários que fogem dos superlotados cárceres.
O Futebol esconde o vigente "jogo de forças", onde o mais rico sempre vence. O Carnaval mascara a tristeza de quem ignora a importância de um sorriso, por este não lhe dar o que comer quando padece de fome. A "Globeleza" oculta com suas nádegas os olhos sem vida da dona-de-casa que é espancada pelo marido bêbado.
A paz, a união e o respeito se esvaem, acompanhados da esperança de aniquilar o caos que deteriora, dia-a-dia, nossa bandeira, em nome da qual muitos patriotas deram a própria vida. Será que vale a pena, em meio a tantas desilusões, crer que existe uma saída para nossa pátria e seus padecentes filhos?
"Escute o que diz o vento, my friend... O vento vai responder..."

19 abril 2009

O Mundo Precisa de Gente Incomodada

Ao Bode, com muito amor...
Segundo o renomado escritor inglês Oscar Wilde, o descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.
A História prova a autenticidade desta frase. Tanto a sociedade quanto o sistema político-econômico vigente, só evoluem a partir do momento em que as pessoas se conscientizam de que as coisas não vão bem e, por conseguinte, alguma providência deve ser tomada.
A subversão do regime absolutista na França, por exemplo, se deu quando "os de baixo" não mais aceitaram que "os de cima" os pisoteassem. Extenuaram-se de passar fome e pagar imposto com o que não tinham enquanto o rei ostentava uma vida esplêndida e ociosa. Saíram às ruas reinvidicando, literalmente, sua cabeça, o que, diga-se de passagem, conseguiram.
Não defendo, aqui, a violência. Pelo contrário, creio que a evolução pode e deve se dar de um modo mais sutil, desprezando a tirania da guilhotina. Trata-se apenas de um exemplo histórico de mudança evolutiva instigada por fatores ligados à insatisfação comum.
A Revolução Francesa, acima citada, assim como a gradual ascensão feminina, a abolição da escravidão e a conquista de direitos de cunho civil, político e social, foi abastecida e norteada por mudanças no modo de enxergar a realidade, que só se efetivaram no instante em que a situação tornou-se caótica.
É, justamente, quando a vida parece um labirinto sem saída, que nos deleitamos com o antídoto capaz de extinguir a passividade que até então nos propiciava uma "pseudo-existência" e tomamos uma posição ativa. Os revolucionários que assim fizeram, idealizaram transformações e as puseram em prática, deixando perenes marcas na história de suas nações.
Infelizmente, nos dias de hoje, as pessoas se acomodam com espantosa intensidade. Aceitam as injustiças ou fingem que não as vêem. O descontentamento não mais impulsiona nosso "eu revolucionário". Somos conformistas demais e conjurados de menos.
Devemos, enquanto é tempo, resgatar a intrínseca avidez por mudança adormecida em nosso íntimo e, assim, dar sentido à nossa longa e insípida caminhada.

13 abril 2009

Desejo Insano

"Quem me dera ao menos uma vez acreditar por um instante em tudo que existe, acreditar que o mundo é PERFEITO e que todas as pessoas são FELIZES..."
Meu ideal seria escrever um texto que irradiasse paz. Uma paz tão contagiante a ponto de contagiar a alma mais vingativa, o guerreiro mais hostil... Almejo escrever um texto capaz de fazer sorrir aquele que se banha na água salgada do próprio choro. Ou quem sabe até, servir de alimento àquele que tem fome, de água àquele que tem sede, uma água tão pura a ponto de regozijar a alma mais ávida de justiça.
Quisera eu que minhas sinceras palavras tivessem o poder de consolar aquele que chora, aliviar a dor daquele que sofre e persuadir, quem sabe, aquela frustrada criatura que ameaça se jogar do décimo quinto andar, fazendo-a enxergar que o suicídio, indubitavelmente, não é a solução mais adequada.
Meu idealizado texto devolveria a esperança àquele que cansou de esperar, a paz àquele que perdeu a família na guerra, a alegria àquele que há anos não dá uma boa gargalhada. Cada sílaba se converteria em infindáveis doses de um medicamento divino capaz de curar aqueles martirizados por doenças até então ditas incuráveis.
As letras, sempre coesas, encarregariam-se de unir estadunidenses e iraquianos, agradar a gregos e troianos, criando, de norte a sul, laços de respeito mútuo e destruindo de vez o etnocentrismo, que nos faz mais soberbos, mais intransigentes.
Minhas palavras rejuvelheceriam os corações obsoletos, transformariam cada miligrama de ódio em uma tonelada de amor, adoçariam a insipidez da vida, devolveriam o brilho dos meus olhos ao cruzar os seus, extinguiriam quaisquer preconceitos ainda existentes, convertendo esse mundo frio e sombrio na materialização sublime dos nossos mais recônditos sonhos...

11 abril 2009

Aos que se casaram ou pretendem se casar...

"All you need is LOVE !"
Algum tempo atrás, acreditava-se que o matrimônio era a garantia de uma vida a dois feliz, imune de quaisquer vicissitudes que pudessem torná-la amarga e macambúzia. Esta idealização romântica do casamento vem sendo, gradativamente, subvertida.
Quantos não se casam para satisfazer interesses pessoais ou, como diria o senso comum, para dar o mundialmente conhecido "golpe do baú"? Uma união conjugal deturpada pelo oportunismo característico da má índole de uma das partes, já nasce infeliz.
Existem, outrossim, aqueles que chamam uma mera atração física de amor, casam-se ludibriados por um sentimento que não existe de fato e, na primeira briga, dizem que o "amor" acabou.
Esses equívocos de cunho moral resultam na infidelidade, quando não no frustrante divórcio, que, ironicamente, virou moda. Exemplo disso são aqueles "pobres de espírito" que já se casam pensando: "Se não der certo, eu peço o divórcio!" É isso que torna o casamento a "instituição falida" dos dias atuais.
Tal falência, contudo, não é irrevogável. A solução está em resgatar o amor em nosso íntimo, acreditando, categoricamente, nele e no poder que exerce sobre nós. É o valor dado a este sublime sentimento que sobrecarrega-se de regenerar nosso âmago e nos fazer praticar mais a tolerância, a indulgência e o respeito, que edificam e mantêm indestrutível qualquer relação, em detrimento da crença no "viveram felizes para sempre", que se limita aos contos de fada. No mundo real, depende de NÓS o desfecho da história...

06 abril 2009

Mecanização do Homem

"Não vejo nada, o que eu vejo não me agrada. Não ouço nada, o que eu ouço não diz nada. Perdi a conta das pérolas e porcos que eu cruzei pela estrada. Estou ligado a cabo a tudo que acaba de acontecer..."
À medida que vivemos, nos habituamos a práticas cotidianas alienantes. Pagar imposto, enfrentar fila, ser subordinado às vontades dos mais poderosos, não agrada a ninguém, entretanto, todos respeitam e, aos poucos, coisas patéticas como estas acabam tornando-se inteiramente aceitáveis.
Deixamos de ler para assistir novela, deixamos, outrossim, o mundo real de lado para viver no cárcere da internet e suas limitações. Acidentes não mais nos surpreendem, tampouco a violência e suas infindáveis vítimas.
A poluição atmosférica, assim como a AIDS e o aquecimento global, não comovem nossos rígidos corações, ao passo que a hipocrisia e a mesquinhez já são partes integrantes do nosso todo. Virou moda esconder a tristeza com um sorriso de plástico, comer lavagem e se dizer satisfeito para não incomodar o "meio", viver de restos e, paradoxalmente, compartilhar de uma pseudo-alegria contagiante.
Assistimos, de maneira passiva e submissa, ao preconceito, à displicência com que os políticos tratam os problemas sociais, à miséria, ao desemprego, às injustiças. Acostumamo-nos a amar sem ser correspondido, a alimentar sentimentos ínfimos em nosso íntimo, a viver por viver.
Tornou-se hábito desfilar pelas ruas de "máscara" quando não é Carnaval, ser traído e devolver na mesma moeda, beber cachaça com a pretensão esdrúxula de esquecer os problemas, comprar roupa de marca, sapato de marca e até mesmo personalidade de marca, que, ironicamente, já nasce falsificada.
Aceitamos, dia-a-dia, o inaceitável, o bizarro, o grotesco. Enquanto "nos bastidores", nossa identidade se perde num mar de ações mecânicas e repetitivas, que nos convertem em meros robôs programados pra só dizer SIM!

05 abril 2009

A Pouca Exatidão do Amor

"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?!"
Seu olhar é uma incógnita que não tem valor exato, tampouco decimal. A equação é infinitamente complexa, tal qual você e seu jeito ímpar de ser. Mas devo ressaltar que essa complexidade me atrai...
Creio que nem Pitágoras, nem Tales, com seus invejáveis teoremas, seriam capazes de decifrar o enigma que traz nos olhos. E que olhos... Os mesmos que me embriagam e me ludibriam, a ponto de me fazer acreditar que encontrei a metade perdida do meu inteiro, ou quem sabe, meu suplemento, nos n sentidos que cabem a esta palavra.
Julgo as palavras mais dóceis que os números, contudo não mais importantes. Ambos se completam numa relação mutualística e caminham juntos pelo labirinto da vida.
Desde o instante em que me apaixonei por seu olhar, tenho sede de descobrir seus segredos e me perder no seu infinito particular. Quisera eu que tais anseios não fossem utópicos... Mas já que o são, nada faço senão esperar que o vento traga a razão da minha paixão aumentar em progressão geométrica e apresente-me, outrossim, uma possível solução para esse enigmático problema que tanto me aflige.

A Complexidade do Eu

Acho graça quando, por descuido do acaso, o espírito indagador e intrépido de criança revive em meu âmago: Por que o mundo é tão injusto? Por que o sistema é um paradoxo ambulante? Por que o ser humano é quase incompreensível?
Esses são só alguns meros exemplos dos infindáveis "por ques" que atordoam minha mente. Digo atordoam, pois nem sempre encontro respostas coerentes para minhas ávidas indagações, e isso me deixa irritada. Apelo aos livros, quando não ao Google. Na maioria das vezes, estas notáveis fontes de informação respondem razoavelmente bem meus questionamentos mais objetivos.
E quanto aos outros? Aqueles que dizem respeito às minhas contradições, ao meu "jeito ambíguo de ser", aos meus sonhos e medos, às minhas frustrações e aos meus amores... Estes quase sempre tornam-se lacunas em minha'lma, vazios que talvez o tempo preencha com as substanciais respostas de que carecem. Ou não. Pode ser que o magnânimo tempo só faça aumentar, gradualmente, as lacunas, tornando meu espírito uma imensidão de espaços vagos e fúteis.
Às vezes a tristeza deles se apossa. É quando, de ímpeto, dá vontade de chorar. As pessoas perguntam se briguei com o namorado, com os pais, ou tirei nota baixa na escola. Nem me dou ao trabalho de responder. É lastimável ninguém notar que as reais causas do meu sofrimento transcedem o plano físico e suas limitações.
A fonte das lágrimas que me lavam o rosto não está no meio externo, mas sim dentro de mim, nas minhas recônditas e padecentes lacunas, ou como diria meu sábio tio: "nos meus cacos de dentro"...

28 março 2009

Regozijando O Âmago

Às vezes, de ímpeto, como alguém que chega sem histórico ou referência, surge em mim uma forasteira vontade de escrever. E, pelo hábito um tanto quanto audacioso que tenho de respeitar minhas vontades, escrevo. Sem tema, sem rumo, apenas obedecendo a um capricho íntimo.
As palavras dançam em minha alienada mente, e eu, pouco dotada de senso crítico, seleciono as que julgo mais providas de dinamismo dócil e aqui as uno, por laços de concordância gramatical ou de maneira aleatória, só pra que elas se sintam coesas.
O engraçado é que isso me proporciona prazer. Não um prazer físico efêmero, mas um prazer espiritual grandioso. O mesmo que me liberta do cárcere mundano e me leva à imensidão do céu, ao universo das idéias. Onde não há modismos, convenções, regras... As pessoas são pelo simples fato de ser, e se orgulham disso. Nada de máscaras, hipocrisia, violência... É um verdadeiro oásis nesse mundo sombrio e inquietante.
Pena que a realidade insiste, maldosamente, em me trazer de volta à mesquinhez, à melancolia. E assim sendo, não tenho outra escolha senão deixar que as palavras me peguem pela mão e me guiem durante a tempestuosa dança da vida. Ajudando-me a me encontrar nessa incessante busca pelo meu verdadeiro eu...

25 março 2009

Civilização Manchada de Sangue

Cuspiram na sua cara, o chamaram de animal, obrigaram-no a pedir perdão de joelhos. Ele obedeceu, sem ao menos saber por que o fazia. Tinha os olhos sangrando de raiva. As surras o debilitaram a ponto de mal conseguir se mover, e ainda assim uma voz fria bradava:
"Mais vinte chibatadas!"
"Nããão! Pelo amor de Deus, seu moço! Ele não vai aguentar mais vinte." _ suplicou, em meio a incessantes lágrimas, sua mulher, cuja aparência desforme e os olhos mortos refletiam os sofrimentos aos quais fora submetida desde sua vinda ao mundo.
Os gritos, as lágrimas, de nada adiantaram. Da pele negra jorrava sangue, dos lábios secos saíam algumas sofríveis sílabas, precisamente duas: Por quê? Dos olhos insípidos caíam lágrimas de revolta e dor, até que se fecharam. Seu coração se fechou.
Nem deixaram a família enterrar o corpo. Disseram que queimá-lo era mais ponderável. Do destino de sua pobre alma, nada sei. Apenas torço para que a sociedade celeste não seja e s c r a v o c r a t a...

23 março 2009

Paradoxos de Um Paranóico

Olho em direção ao céu, admiro o rútilo das poucas estrelas que o iluminam. Sinto saudade. Saudade de um futuro sonhado nos meus mais recônditos sonhos. Um futuro imaginado no passado que infelizmente não faz parte do presente.
Me perco no meu perene desatino. Imagens fúnebres ofuscam o brilho insonso que minha mente teima emitir... Ouço vozes. Se não me ludibrio, trata-se de um casal discutindo na esquina. Lembro-me de nós.
Suas palavras torturam meus extenuados ouvidos. São como ruídos ensurdecedores. Não podia mesmo dar certo. Como fui estúpido, infinitamente estúpido... As evidências me mostravam o tempo todo quão diferente era você de mim.
Eu, tal qual um verbo transitivo, carecia de complemento. Mas não podia ser um complemento qualquer. Um objeto indireto, talvez. Você, de maneira inexoravelmente antagônica, dispensava remates, ornamentos. Você se bastava!
O casal se esvai em meio ao brilho intenso das estrelas. Se esvai, outrossim, minha nostalgia, meus devaneios. A lua me chama de paranóico e ri de mim. Um riso sarcástico, escarnecedor, torpe. Minhas lágrimas de melancolia e revolta caem ao chão, e posteriormente evaporam, tal qual meus sonhos e fantasias.

Frustração Sensitiva

Meus olhos erradios buscam incansavelmente algo que desconheço. Presumo que seja coisa afável, de modo que os julgo extenuados de ver tanto azedume, tanta aspereza. Este algo também deve ser alegre, pois eles já estão tristes de ver tanta tristeza.
Armário, TV, computador, cama... Nada disso! Objetos são desalmados, e esse algo que meus olhos procuram tem alma, alma de artista, diga-se de passagem. Da janela eles policiam uma borboleta, que voa doce e livremente, sem a mínima pressa de chegar não sei onde.
Se simpatizam com o olhar intrépido de um gato que me observa à distância. Contudo, nem a borboleta nem o gato são o que eles almejam ver. Já desesperançosos, se erguem e admiram o azul do céu, os pássaros, o sol... É tudo muito lindo e sublime, mas eles não se deleitam com essa aprazível paisagem. Pelo contrário, choram lágrimas de amargura e decepção, por nada daquilo que conseguem enxergar ser o que eles aspiram ver.
Se existe uma explicação plausível pra isso, eu venero Antoine d'Saint quando este afirma que "só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos". Ínfimo olhar!

Previsão de Um Futuro Próximo

Sentei-me na lua a observar as estrelas. Um anjo vestido de azul emergiu de algum lugar do infinito e veio sentar-se comigo. Perguntou-me quem era, não soube responder, sou ambígua demais pra saber quem sou. Perguntou-me de onde vinha, chorei incessantemente.
"Por que chora, menininha?"
Contei-lhe que meu mundo havia sido destruído...
"Mas quem faria uma maldade dessas?"
"Os homens. Eles descobriram a bebida e se embebedaram, descobriram as drogas e se drogaram, descobriram as armas e se mataram..."
"E o mundo, menininha?"
"O mundo foi se acabando quando eles descobriram em si a ambição e a maldade."
Rhayanne C. M. Neto