29 abril 2009

Qual a cor do Brasil ?

As reluzentes cores da nossa esplêndida bandeira camuflam mazelas de múltiplos cunhos. A violência, que assola nossas vidas, pinta de vermelho o verde das nossas matas, assim como a consequente ausência de paz colore de preto o nosso azulado céu.
Há aqueles alienados ufanistas que, de modo inexorável, se recusam a enxergar tal "jogo de cores". Há ainda os pessimistas que se limitam a ver o preto do céu, esquecendo-se do azul que hora o cintilou.
Será que um país "abençoado por Deus e bonito por natureza" deixaria, friamente, seus filhos passando fome? Será que esse magnífico país permitiria, outrossim, que suas crianças não tivessem uma educação de qualidade?
Como uma nação tão bela, de maneira paradoxa, é conivente à corrupção, sendo a mesma o ápice da feiúra moral? A frase positivista que "embeleza" nossa bandeira é incapaz de deter a multidão hostil envolvida em brigas de torcidas, tampouco os presidiários que fogem dos superlotados cárceres.
O Futebol esconde o vigente "jogo de forças", onde o mais rico sempre vence. O Carnaval mascara a tristeza de quem ignora a importância de um sorriso, por este não lhe dar o que comer quando padece de fome. A "Globeleza" oculta com suas nádegas os olhos sem vida da dona-de-casa que é espancada pelo marido bêbado.
A paz, a união e o respeito se esvaem, acompanhados da esperança de aniquilar o caos que deteriora, dia-a-dia, nossa bandeira, em nome da qual muitos patriotas deram a própria vida. Será que vale a pena, em meio a tantas desilusões, crer que existe uma saída para nossa pátria e seus padecentes filhos?
"Escute o que diz o vento, my friend... O vento vai responder..."

19 abril 2009

O Mundo Precisa de Gente Incomodada

Ao Bode, com muito amor...
Segundo o renomado escritor inglês Oscar Wilde, o descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.
A História prova a autenticidade desta frase. Tanto a sociedade quanto o sistema político-econômico vigente, só evoluem a partir do momento em que as pessoas se conscientizam de que as coisas não vão bem e, por conseguinte, alguma providência deve ser tomada.
A subversão do regime absolutista na França, por exemplo, se deu quando "os de baixo" não mais aceitaram que "os de cima" os pisoteassem. Extenuaram-se de passar fome e pagar imposto com o que não tinham enquanto o rei ostentava uma vida esplêndida e ociosa. Saíram às ruas reinvidicando, literalmente, sua cabeça, o que, diga-se de passagem, conseguiram.
Não defendo, aqui, a violência. Pelo contrário, creio que a evolução pode e deve se dar de um modo mais sutil, desprezando a tirania da guilhotina. Trata-se apenas de um exemplo histórico de mudança evolutiva instigada por fatores ligados à insatisfação comum.
A Revolução Francesa, acima citada, assim como a gradual ascensão feminina, a abolição da escravidão e a conquista de direitos de cunho civil, político e social, foi abastecida e norteada por mudanças no modo de enxergar a realidade, que só se efetivaram no instante em que a situação tornou-se caótica.
É, justamente, quando a vida parece um labirinto sem saída, que nos deleitamos com o antídoto capaz de extinguir a passividade que até então nos propiciava uma "pseudo-existência" e tomamos uma posição ativa. Os revolucionários que assim fizeram, idealizaram transformações e as puseram em prática, deixando perenes marcas na história de suas nações.
Infelizmente, nos dias de hoje, as pessoas se acomodam com espantosa intensidade. Aceitam as injustiças ou fingem que não as vêem. O descontentamento não mais impulsiona nosso "eu revolucionário". Somos conformistas demais e conjurados de menos.
Devemos, enquanto é tempo, resgatar a intrínseca avidez por mudança adormecida em nosso íntimo e, assim, dar sentido à nossa longa e insípida caminhada.

13 abril 2009

Desejo Insano

"Quem me dera ao menos uma vez acreditar por um instante em tudo que existe, acreditar que o mundo é PERFEITO e que todas as pessoas são FELIZES..."
Meu ideal seria escrever um texto que irradiasse paz. Uma paz tão contagiante a ponto de contagiar a alma mais vingativa, o guerreiro mais hostil... Almejo escrever um texto capaz de fazer sorrir aquele que se banha na água salgada do próprio choro. Ou quem sabe até, servir de alimento àquele que tem fome, de água àquele que tem sede, uma água tão pura a ponto de regozijar a alma mais ávida de justiça.
Quisera eu que minhas sinceras palavras tivessem o poder de consolar aquele que chora, aliviar a dor daquele que sofre e persuadir, quem sabe, aquela frustrada criatura que ameaça se jogar do décimo quinto andar, fazendo-a enxergar que o suicídio, indubitavelmente, não é a solução mais adequada.
Meu idealizado texto devolveria a esperança àquele que cansou de esperar, a paz àquele que perdeu a família na guerra, a alegria àquele que há anos não dá uma boa gargalhada. Cada sílaba se converteria em infindáveis doses de um medicamento divino capaz de curar aqueles martirizados por doenças até então ditas incuráveis.
As letras, sempre coesas, encarregariam-se de unir estadunidenses e iraquianos, agradar a gregos e troianos, criando, de norte a sul, laços de respeito mútuo e destruindo de vez o etnocentrismo, que nos faz mais soberbos, mais intransigentes.
Minhas palavras rejuvelheceriam os corações obsoletos, transformariam cada miligrama de ódio em uma tonelada de amor, adoçariam a insipidez da vida, devolveriam o brilho dos meus olhos ao cruzar os seus, extinguiriam quaisquer preconceitos ainda existentes, convertendo esse mundo frio e sombrio na materialização sublime dos nossos mais recônditos sonhos...

11 abril 2009

Aos que se casaram ou pretendem se casar...

"All you need is LOVE !"
Algum tempo atrás, acreditava-se que o matrimônio era a garantia de uma vida a dois feliz, imune de quaisquer vicissitudes que pudessem torná-la amarga e macambúzia. Esta idealização romântica do casamento vem sendo, gradativamente, subvertida.
Quantos não se casam para satisfazer interesses pessoais ou, como diria o senso comum, para dar o mundialmente conhecido "golpe do baú"? Uma união conjugal deturpada pelo oportunismo característico da má índole de uma das partes, já nasce infeliz.
Existem, outrossim, aqueles que chamam uma mera atração física de amor, casam-se ludibriados por um sentimento que não existe de fato e, na primeira briga, dizem que o "amor" acabou.
Esses equívocos de cunho moral resultam na infidelidade, quando não no frustrante divórcio, que, ironicamente, virou moda. Exemplo disso são aqueles "pobres de espírito" que já se casam pensando: "Se não der certo, eu peço o divórcio!" É isso que torna o casamento a "instituição falida" dos dias atuais.
Tal falência, contudo, não é irrevogável. A solução está em resgatar o amor em nosso íntimo, acreditando, categoricamente, nele e no poder que exerce sobre nós. É o valor dado a este sublime sentimento que sobrecarrega-se de regenerar nosso âmago e nos fazer praticar mais a tolerância, a indulgência e o respeito, que edificam e mantêm indestrutível qualquer relação, em detrimento da crença no "viveram felizes para sempre", que se limita aos contos de fada. No mundo real, depende de NÓS o desfecho da história...

06 abril 2009

Mecanização do Homem

"Não vejo nada, o que eu vejo não me agrada. Não ouço nada, o que eu ouço não diz nada. Perdi a conta das pérolas e porcos que eu cruzei pela estrada. Estou ligado a cabo a tudo que acaba de acontecer..."
À medida que vivemos, nos habituamos a práticas cotidianas alienantes. Pagar imposto, enfrentar fila, ser subordinado às vontades dos mais poderosos, não agrada a ninguém, entretanto, todos respeitam e, aos poucos, coisas patéticas como estas acabam tornando-se inteiramente aceitáveis.
Deixamos de ler para assistir novela, deixamos, outrossim, o mundo real de lado para viver no cárcere da internet e suas limitações. Acidentes não mais nos surpreendem, tampouco a violência e suas infindáveis vítimas.
A poluição atmosférica, assim como a AIDS e o aquecimento global, não comovem nossos rígidos corações, ao passo que a hipocrisia e a mesquinhez já são partes integrantes do nosso todo. Virou moda esconder a tristeza com um sorriso de plástico, comer lavagem e se dizer satisfeito para não incomodar o "meio", viver de restos e, paradoxalmente, compartilhar de uma pseudo-alegria contagiante.
Assistimos, de maneira passiva e submissa, ao preconceito, à displicência com que os políticos tratam os problemas sociais, à miséria, ao desemprego, às injustiças. Acostumamo-nos a amar sem ser correspondido, a alimentar sentimentos ínfimos em nosso íntimo, a viver por viver.
Tornou-se hábito desfilar pelas ruas de "máscara" quando não é Carnaval, ser traído e devolver na mesma moeda, beber cachaça com a pretensão esdrúxula de esquecer os problemas, comprar roupa de marca, sapato de marca e até mesmo personalidade de marca, que, ironicamente, já nasce falsificada.
Aceitamos, dia-a-dia, o inaceitável, o bizarro, o grotesco. Enquanto "nos bastidores", nossa identidade se perde num mar de ações mecânicas e repetitivas, que nos convertem em meros robôs programados pra só dizer SIM!

05 abril 2009

A Pouca Exatidão do Amor

"Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?!"
Seu olhar é uma incógnita que não tem valor exato, tampouco decimal. A equação é infinitamente complexa, tal qual você e seu jeito ímpar de ser. Mas devo ressaltar que essa complexidade me atrai...
Creio que nem Pitágoras, nem Tales, com seus invejáveis teoremas, seriam capazes de decifrar o enigma que traz nos olhos. E que olhos... Os mesmos que me embriagam e me ludibriam, a ponto de me fazer acreditar que encontrei a metade perdida do meu inteiro, ou quem sabe, meu suplemento, nos n sentidos que cabem a esta palavra.
Julgo as palavras mais dóceis que os números, contudo não mais importantes. Ambos se completam numa relação mutualística e caminham juntos pelo labirinto da vida.
Desde o instante em que me apaixonei por seu olhar, tenho sede de descobrir seus segredos e me perder no seu infinito particular. Quisera eu que tais anseios não fossem utópicos... Mas já que o são, nada faço senão esperar que o vento traga a razão da minha paixão aumentar em progressão geométrica e apresente-me, outrossim, uma possível solução para esse enigmático problema que tanto me aflige.

A Complexidade do Eu

Acho graça quando, por descuido do acaso, o espírito indagador e intrépido de criança revive em meu âmago: Por que o mundo é tão injusto? Por que o sistema é um paradoxo ambulante? Por que o ser humano é quase incompreensível?
Esses são só alguns meros exemplos dos infindáveis "por ques" que atordoam minha mente. Digo atordoam, pois nem sempre encontro respostas coerentes para minhas ávidas indagações, e isso me deixa irritada. Apelo aos livros, quando não ao Google. Na maioria das vezes, estas notáveis fontes de informação respondem razoavelmente bem meus questionamentos mais objetivos.
E quanto aos outros? Aqueles que dizem respeito às minhas contradições, ao meu "jeito ambíguo de ser", aos meus sonhos e medos, às minhas frustrações e aos meus amores... Estes quase sempre tornam-se lacunas em minha'lma, vazios que talvez o tempo preencha com as substanciais respostas de que carecem. Ou não. Pode ser que o magnânimo tempo só faça aumentar, gradualmente, as lacunas, tornando meu espírito uma imensidão de espaços vagos e fúteis.
Às vezes a tristeza deles se apossa. É quando, de ímpeto, dá vontade de chorar. As pessoas perguntam se briguei com o namorado, com os pais, ou tirei nota baixa na escola. Nem me dou ao trabalho de responder. É lastimável ninguém notar que as reais causas do meu sofrimento transcedem o plano físico e suas limitações.
A fonte das lágrimas que me lavam o rosto não está no meio externo, mas sim dentro de mim, nas minhas recônditas e padecentes lacunas, ou como diria meu sábio tio: "nos meus cacos de dentro"...