30 dezembro 2009

Era Uma Vez Um Robô...

"Nada é orgânico, é tudo programado, e eu achando que tinha me libertado..."
Observava da janela os pingos d'água banhando o chão. Chuva! Era este o nome dado pelos homens às lágrimas de Deus que caíam, sorrateiramente, do céu. Chamavam de trovão seus gritos e de tempestade sua fúria.
Os homens se acham sábios demais, dão nome a tudo, mostram-se capazes de realizar esplêndidas descobertas e, paradoxalmente, desconhecem o sentido da vida. Viviam dizendo-lhe que era apenas um robô, não constituía-se de carne e osso, mas sim de metal, tinha parafusos e fluidos em lugar de articulação, nunca seria como eles, os homens.
Mas ele sentia a chuva caindo, se emocionava com frequência e descobriu-se, num belo dia, apaixonado por uma dama que jamais iria correspondê-lo à altura, porque era humana e, para os homens, ele não passava de um robô, uma máquina que ao invés de sentimentos tinha um controle remoto e um manual de instruções.
Subvertendo o ponto de vista humano, ele sabia o que era o amor, não só sabia como sentia. Sonhava um dia tornar-se homem e poder, enfim, declarar-se à dama que conquistara seu coração metálico. Os homens se dizem ocupados demais pra sonhar, ele não. Colocava os sonhos acima de qualquer outra coisa.
Um dia acordou e, olhando-se no espelho, surpreendeu-se ao ver que já não era mais robô, havia transformado-se em um homem de verdade, com todos os seus defeitos e virtudes. Vestia-se como os homens vestem-se, andava como os homens andam, amava como os homens amam. Ao conhecer seu "novo" coração, derramou incessantes lágrimas e disse :
"Meu coração de robô, ainda que de metal, não era tão frio nem tão rígido quanto o coração dos homens... Maldita hora em que desejei ser um deles."

Um comentário:

Patisca disse...

muuito massa, ;O /Patiiscca.

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