20 julho 2011

A Vida em Forma de Drama

"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir." (Fernando Pessoa)




Às vezes a vida parece uma tragédia grega, e nós, enquanto melancólicos personagens desta singular peça, simulamos um sofrimento que deveras nos atordoa.

Tenho sido protagonista do drama que escrevo a cada dia, embasada nos traumas advindos das decepções sofridas e na tristeza que de mim se apodera quando sinto-me vencida pelas circunstâncias.

A solidão é parte fundamental do cenário, que friamente assiste ao meu padecer e me faz companhia enquanto agonizo à espera do "Trem das Sete".

Minhas esperanças se vão com a luz do dia, e o céu de cor cinzenta parece refletir a angústia expressa em cada traço do meu rosto que, desolado, busca nas nuvens uma explicação plausível para os sucessivos males por mim testemunhados.

Durante a peça, o que se manifesta da maneira mais hipócrita é o meu sorriso, que de tão medíocre não consegue esconder meu lastimável estado íntimo.

Enquanto derramo sinceras lágrimas no palco da minha insensatez, vejo um ser cheio de luz deslocar-se da platéia, vindo em minha direção. Ele delicadamente se aproxima de mim e com suas mãos afáveis enxuga o meu pranto. Olha no fundo dos meus olhos enxarcados de dor e diz:

"Erga a cabeça, renove sua fé e corra atrás dos seus sonhos. A peça ainda não chegou ao fim..."

Neste instante eu percebi que aquele ser dotado de uma luz ofuscante e grandiosa, era na realidade o dono da vida, representada na forma de um drama, do qual todos participam, tendo ou não alma de artista.

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