23 março 2009

Frustração Sensitiva

Meus olhos erradios buscam incansavelmente algo que desconheço. Presumo que seja coisa afável, de modo que os julgo extenuados de ver tanto azedume, tanta aspereza. Este algo também deve ser alegre, pois eles já estão tristes de ver tanta tristeza.
Armário, TV, computador, cama... Nada disso! Objetos são desalmados, e esse algo que meus olhos procuram tem alma, alma de artista, diga-se de passagem. Da janela eles policiam uma borboleta, que voa doce e livremente, sem a mínima pressa de chegar não sei onde.
Se simpatizam com o olhar intrépido de um gato que me observa à distância. Contudo, nem a borboleta nem o gato são o que eles almejam ver. Já desesperançosos, se erguem e admiram o azul do céu, os pássaros, o sol... É tudo muito lindo e sublime, mas eles não se deleitam com essa aprazível paisagem. Pelo contrário, choram lágrimas de amargura e decepção, por nada daquilo que conseguem enxergar ser o que eles aspiram ver.
Se existe uma explicação plausível pra isso, eu venero Antoine d'Saint quando este afirma que "só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos". Ínfimo olhar!

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